domingo, 24 de abril de 2011

Tradição cristã e comunicação

GIOVANNI MARIA VIAN
Dimensão central no cristianismo, a tradição - termo e conceito teológico não por acaso muitas vezes não compreendido por perspectivas extremas opostas entre si - inclui sem dúvida também a transmissão comunicativa da fé. "É preciso saber ser antigos e modernos, falar segundo a tradição mas também em conformidade com a nossa sensibilidade. Serve dizer a verdade se os homens do nosso tempo não nos compreendem?", dizia em 1950 Monsenhor Montini a Jean Guitton.
A reflexão do futuro Paulo VI estava na realidade perfeitamente em sintonia com uma longa história, que começa com o proselitismo cristão dos primeiros séculos, criativo e apoiado por uma intensa circulação de textos. Portanto, também sob este ponto de vista, não obstante radicados estereótipos, a Igreja preocupou-se constantemente por transmitir com eficácia a notícia mais revolucionária, sintetizada pelos votos pascais dos cristãos orientais: "Cristo ressuscitou. Sim, verdadeiramente ressuscitou".
Face à modernidade comunicativa, a Igreja de Roma e os Papas demonstraram-se na vanguarda. Desde a entrevista de Leão XIII publicada na primeira página de "Le Figaro" de 4 de Agosto de 1892 - a primeira de um Romano Pontífice, aliás concedida a uma jornalista de tendência socialista - à sabedoria pastoral de Pio X, que ensinava catequese aos jovens das paróquias romanas no pátio de São Dámaso, até às decisões inovativas no âmbito dos mass media de Pio XI e Pio XII, relacionadas com o exórdio de rádio, cinema e televisão.
Também neste âmbito o Vaticano II e os Papas que o prepararam, quiseram e orientaram - Pio XII, João XXIII e Paulo VI - assinalaram uma mudança. Na crescente visibilidade, iniciada com as viagens de Montini nos cinco continentes e levada ao ápice pelo incessante itinerário mundial de João Paulo II, para mostrar além de qualquer aparência a cruz de Cristo no mutável e dramático panorama do mundo: stat crux dum volvitur orbis.
Há seis anos Bento XVI - que dedicou a vida ao serviço da verdade e precisamente por isso quer a mídia do Vaticano mais eficaz e presente - se preocupa por explicar a tradição: para ser compreendido por crianças e idosos, jornalistas e fiéis, intelectuais e políticos. Fá-lo hoje respondendo na televisão, pela primeira vez, a perguntas provenientes de todas as partes do mundo. Para manter unidas fé e razão, demonstrar amizade a todos. Na continuidade da tradição cristã.

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