sábado, 28 de janeiro de 2012

Na audiência geral o Pontífice falou sobre a Semana de oração pela unidade dos cristãos

Para uma resposta comum
à sede espiritual do nosso tempo
O Evangelho
nos tempos
do Facebook
C
RISTIAN MARTINI GRIMALDI
F
mais popular do mundo, está
equipada com vários instrumentos
para a manutenção e o
enriquecimento de um status amigável
recíproco, como se sabe. Porém,
geralmente não nos perguntamos
porque as dinâmicas de relacionamento
se baseiam exclusivamente
em
(polegares levantados, partilhas) e,
ao contrário, não prevêem opções
de desaprovação instantânea. Será
possível que os criadores da
network se tenham deixado inspirar
pelo mais tradicional, mas na
realidade actualíssimo, princípio
que consiste em «nunca faças aos
outros aquilo que não gostarias
que te fizessem a ti»?
É possível que as nossas «amizades
» sejam consideradas tão frágeis
a ponto de sucumbir perante
a mera interceptação de um
acebook, a social networkfeedbacks positivosfeedback
negativo? Porque, por exemplo,
recebemos a «notificação» somente
quando alguém recebe a nossa
ou de outro alguém, mas não
quando uma amizade é inesperadamente
interrompida?
O sistema concebido desta forma
tem realmente as suas boas razões
para existir. Razões que se
inspiram no consentimento mútuo,
a fim de incutir optimismo no
uso do instrumento e, por conseguinte,
de exercer uma influência
cada vez maior e mais positiva sobre
todos nós; em síntese, para aumentar
o próprio poder económico.
Com efeito, o que aconteceria
à social network se de repente todos
os participantes começassem a
ser notificados publicamente sobre
a perda de amigos? Perda, obviamente,
decretada de forma unilateral.
Com efeito, para estabelecer
amizade é necessário ser em dois,
para se deixar, ao contrário, a vontade
do indivíduo é suficiente. É
provável, considerado o uso compulsivo
desta plataformas, pois de
outro modo surgiria uma confusão
colectiva, alimentada por invejas
recíprocas, conflitos insolúveis, pequenas
rivalidades ocultadas prontas
a explodir com uma série de
vinganças em cadeia: reacções de
ódio manifesto, pedidos de esclarecimento
recíproco da parte de
amigos em comum, desforras de
inimizade em relação a quem subtraiu
a amizade ao amigo em comum,
e assim por diante.
Felizmente trata-se de violências
simbólicas, todavia com consequências
reais possivelmente evidentes
a curto prazo, consideran-
C
ONTINUA NA PÁGINA 15
Vésperas presididas pelo Papa em São Paulo fora dos Muros
na conclusão da Semana ecuménica do ano passado
No Angelus o apelo do Papa a favor dos migrantes e refugiados
Milhões que não são números
Milhões de pessoas em todo o mundo são
obrigados a deixar os países de origem por
causa de pobreza, guerras e violências.
Recordou o Papa no Angelus de domingo,
16 de Janeiro, Dia mundial do migrante e
do refugiado. Trata-se de seres humanos e
não de «números», ressaltou o Pontífice:
«São homens e mulheres, crianças e idosos
que procuram um lugar onde viver em
paz». Precedentemente, na reflexão
proposta aos fiéis antes da recitação
mariana, o Papa falou do papel dos «guias
espirituais» no caminho de fé dos cristãos,
ressaltando em particular a contribuição
que os educadores podem oferecer aos
jovens para favorecer o seu crescimento
humano e espiritual.
P
ÁGINA 16
Giovanni Maria Vian
em diálogo
com Padre Antonio Spadaro
director da «Civiltà Cattolica»
Os primeiros cem dias
P
ÁGINA 4
A visão da fé no contexto
da nova evangelização
Invoco-vos «videntes»
de todos os tempos
E
UGÉNIA TOMAZ NA PÁGINA 8/9
No magistério de Bento
cristológico da unidade entre os cristãos
XVI o fundamento
O hoje do ecumenismo e a
expectativa do seu cumprimento
K
URT KO CH NA PÁGINA 10
Como podemos dar um testemunho
convincente se estamos divididos?».
Foi na óptica da nova evangelização
que o Papa introduziu na manhã de
quarta-feira, 18 de Janeiro, durante a
audiência geral, a Semana de oração
pela unidade dos cristãos, durante a
qual — de 18 a 25 de Janeiro — se rezará
em todas as igrejas pelo dom
da consecução da plena comunhão.
Um grande desafio para a nova
evangelização, disse o Pontífice,
porque ela será «mais frutuosa se
todos os cristãos anunciarem juntos
a verdade do Evangelho de Jesus
Cristo e derem uma resposta comum
à sede espiritual do nosso tempo.
Tendo-se enriquecido ao longo
dos anos, hoje a celebração desenvolve-
se através da colaboração de
um grupo misto composto por representantes
da Igreja católica e
«por um grupo ecuménico de uma
região diversa do mundo», encarregado
de preparar os subsídios para a
oração. Este ano coube à Polónia,
circunstância que, observou o Papa,
ajudará a reflectir sobre «quanto é
forte o apoio da fé cristã no meio
das provas e perturbações» como as
que caracterizaram a história da Polónia
que, depois de ter conhecido
um período de convivência democrática
e de liberdade religiosa, nos
últimos séculos «foi marcada por invasões
e derrotas, mas também pela
luta constante contra a opressão e
pela sede de liberdade», até à descoberta
da vitória definitiva do amor
em Cristo.
O Papa reflectiu brevemente sobre
o estado actual do caminho rumo
à unidade de todos os cristãos.
Para alcançar esta meta, disse, é necessário
rezar para obter antes de tudo
uma conversão interior «quer comum
quer pessoal». Não se trata de
procurar atitudes formais de cordialidade
ou de cooperação, mas sobretudo
de «fortalecer a nossa fé em
Deus», naquele Deus que «se fez
um de nós».
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